quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Cogumelos macro


Macrolepiota Procera

Apesar de este ser um ano muito atípico na vida deste blogue, achei que era chegada a altura de mais uma vez falar aqui de cogumelos ;)  Curiosamente, os postes sobre este tema, tão marginal aos assuntos do blogue, estão sempre entre os mais visitados por aqui (talvez por serem tão poucos).
Este ano, não acompanhei todo o período de safra de cogumelos e houve espécies que não cheguei a encontrar, mas em compensação, foi o ano em que vi brotarem mais exemplares, da espécie Macrolepiota Procera. Encontrei-os por várias vezes em grupo no sítio habitual, um pequeno bosque maioritariamente de sobreiros, não muito longe de casa, aqui na Bairrada.


Fazendo jus ao nome, são enormes e ótimos comestíveis, conhecidos em todo o país sob variadas designações - frades, roques, púcaras, tortulhos, peneiras, gasalhos, marifusas, capões - mas nenhuma me parece tão sugestiva da forma como o nome popular inglêsparasol.
Se é verdade que se tornam muito visíveis quando adultos, enquanto jovens têm um certo mimetismo com as folhas secas e passam facilmente despercebidos.

Exemplar muito jovem

Normalmente deixo-os ficar até abrirem o chapéu e libertarem os esporos, mas este ano vi-os a serem atacados pelas lesmas e, antes que elas devorassem este mimoso pitéu até ficar só o pé, colhi adultos e jovens, deixando apenas ficar os já estragados e os mais velhos para garantir a reprodução.


Como já aqui disse no primeiro poste que dediquei aos cogumelos, quando vi esta espécie no campo pela primeira vez, não tive qualquer dúvida na sua identificação. Trata-se de um cogumelo grande, cujo chapéu chega a ser do tamanho de um prato raso, e o pé é muito alto e fino. Tem um anel móvel, lâminas brancas e o pé e chapéu são em branco pardo com tons acastanhados que, no caso do chapéu, são escamas que se soltam.



Resolvi fotografar um chapéu bem aberto sobre um prato raso para se avaliar bem o tamanho que eles atingem. Mal se vê o prato!


Depois de cozinhado, neste caso grelhado com um fio de azeite e umas pedras de sal, reduziu um pouco o tamanho, mas ainda compõe muito bem o prato.


Aqui fica para olhos apreciadores esta iguaria do reino dos macrofungos, que aparece por todo o país e não é difícil de identificar. Mas atenção a todas as caraterísticas do Macrolepiota Procera! É que há outros lepiotas que, apesar de minis, podem fazer estragos...

13 comentários:

  1. Muito tarde na vida para eu vir a conhecer algo de subastancial sobre cogumelos. Que, no Minho, eram também conhecidos por tortulhos, mas que nunca entraram na dieta familiar doméstica da minha infância/juventude. Só em Lisboa os viria a provar - e gostar.
    Uma boa noite!

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    1. No seu caso, penso que o principal obstáculo será não viver em ambiente propício. Se vivesse no campo e visse estas delícias a surgirem-lhe à frente dos olhos, teria certamente curiosidade em as conhecer melhor. Eu também não trouxe este gosto da casa paterna, foi até bastante tarde que perdi o medo... à medida que fui conhecendo...
      Uma boa noite também para si!

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  2. Oh Maria Andrade, ainda bem que trouxe outra vez os cogumelos à baila! Assim, já lhe posso dizer que no outro dia, em casa de uma amiga comi um belo risotto de boletos selvagens apanhados por ela durante uma nossa caminhada. Estava uma delícia. Atrevi-me até a repetir, mas confesso que na meia hora seguinte, fiquei à espera de morrer:) Horrorizei a família quando lhes contei a façanha:) Mas a verdade é que cada vez mais vou apreciando cogumelos. Já não quero os de lata:) Compro-os frescos e estou a aprendê-los a cozinhar. Fiquei admirada com o tamanho deste cogumelo que aqui mostra. Aqui em Portugal nunca vi nenhum assim. Na minha terra sim, havia-os enormes e eram comestíveis também.Não sei se seriam da mesma espécie.
    Beijinhos

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    1. Maria Paula, vejo que já vai perdendo o medo de comer cogumelos silvestres! Com os deliciosos boletos corre-se pouco risco porque em vez de lâminas na parte inferior do chapéu têm poros (uma espécie de esponja) e assim não se confundem com as espécies mais perigosas. Por aqui não aparecem os melhores e maiores boletos, só os vi ocasionalmente na Serra do Buçaco, mas aí nas matas do Minho, deve haver com abundância, assim como há em Trás-os-Montes.
      E entretanto já vai avançando na área culinária, que é o meu calcanhar de Aquiles... :(
      Ainda bem que lhe agradou este poste sobre cogumelos.
      Beijinhos

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  3. Ai os cogumelos! Creio que só os apanhados por si é que me merecem confiança - falo dos selvagens, claro, pois os que crescem nas prateleiras dos supermercados, esses vou consumindo sem medo.
    Não há colher de prata que me convença a comer cogumelos selvagens se não souber a sua origem e credibilidade!
    Em Itália comi-os muitas vezes, os selvagens, mas, apanhados por quem foram, gente que os conhecia como a palma das mãos, não tive qualquer receio ... e que bom que não recusei - bons e gordos cogumelos porcinos cortados em grossas fatias, secas previamente ao sol, para lhes fazer perder uma parte da água, assados sobre brasas e comidos com um molho à base de azeite, bagas de zimbro e umas ervas selvagens que, a esta distância, já não reconheço!
    Os seus, e eu sou testemunha disso, são igualmente uma delícia, e comê-los é uma degustação fantástica!
    Quando tiver alguma disponibilidade ainda tentarei aprender a reconhecê-los através da literatura, pois creio que ando a desperdiçar manjares dignos de gente à altura!
    Quero desejar-vos um tempo tranquilo de festas, e que o novo ano vos traga muitas alegrias para que aqui as possamos igualmente partilhar.
    Um bem hajam
    Manel

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    1. Manel, tenho muita pena que o seu refúgio campestre não fique aqui mais para os meus lados, por várias razões, entre elas podermos fazer umas surtidas de fim de semana para colher cogumelos :)
      Acredite que não é difícil aprender a identificar algumas espécies comestíveis, mesmo das que são menos conhecidas e procuradas. Os porcinos, os nossos boletos, são realmente uma maravilha, mas não aparecem por aqui os melhores, gordos e grandes ;)
      Dá um prazer enorme fazer caminhadas em grupo por parques ou bosques e ir-se encontrando aqui e ali os saborosos fungos, colher e identificar. Não tenho feito isso ultimamente, mas por vários anos fui a Mogadouro a encontros micológicos, com saídas de campo. Agora até já se realizam em vários locais do país, é só escolher.
      Muito obrigada pelos simpáticos votos que nos dirige e que retribuímos com muita amizade.
      Abraços

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    2. E eu acompanha-la-ia com todo o gosto, pois como sou um andarilho, seria "ouro sobre azul" como soe dizer-se.
      Manel

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  4. Maria Andrade

    Recentemente estive a conversar com uma Senhora que viveu muitos anos em França e que me contou que naquele País é hábito corrente para quem vive no campo ir apanhar cogumelos selvagens. Há mesmo um serviço montado nas farmácias locais, que permite às pessoas levarem os cogumelos selvagens para análise e assim poderem consumi-los com toda a segurança. E a França é o País onde a culinária é uma arte nacional.

    Talvez a apanha e comercialização de cogumelos silvestres poderia ser uma boa oportunidade de negócio e criação de empregos no nosso País.

    Bjos e um bom Natal

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    1. É verdade, Luís, nos países do centro da Europa, França, Alemanha, Áustria, cultiva-se muito esse passatempo de outono que é a colheita de cogumelos silvestres. Mas por cá também há esse hábito em muitas comunidades rurais, aqui na Bairrada, por exemplo, durante o mês de Novembro, saem ao fim de semana famílias inteiras para apanhar os míscaros amarelos que é o tricholoma equestre. Há pessoas que deixam uns dias de férias para esta altura. E já se sensibilizam as populações para o valor económico que têm os cogumelos silvestres, sobretudo os boletos, associados à exploração florestal e distribuem-se guias de apanha para não matar a galinha dos ovos de oiro... Acho é que se fala pouco nisso, se exceptuarmos as comunicações em encontros micológicos muito localizados.
      Boas Festas também para si e um grande abraço de amizade.

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  5. Olá Maria,
    Para além de lindos, abriram-nos o apetite. Não se pode enviar cogumelos grelhados ao domicílio? :)
    BOAS FESTAS.

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    1. Se pudessem ir via internet... ou quem sabe, qualquer dia serem expedidos por drone, diretos a vossa casa... :))
      Muito obrigada pela visita, caros AM-JMV.
      Desejo-vos um ótimo 2015 e muitas novas aquisições!

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  6. Ai, que delícia! Uma amiga está chegando da Suíça com um saco de cogumelos pra mim. Humm!! Adoro. Aqui, nesta terra de meu deus, é caríssimo!
    Aproveito pra te desejar um bom Ano Novo!

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    1. Fico feliz por si, caro Jorge, apreciador como eu destas delícias fúngicas. :)
      Eu já comi cogumelos cultivados aí no Brasil, mas foi no Sul, em Florianópolis, onde a produção deve ser mais fácil e por isso não tão cara.
      Um excelente 2015 para si também!

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