sábado, 4 de junho de 2011

Mísula de faiança do século XVIII (?)



Temos esta mísula em casa há anos, mas como é relativamente grande e muito pesada, ainda não nos tínhamos decidido a colocá-la na parede, e assim tem funcionado como peça ornamental, tipo escultura, poisada a um canto da sala.


Foi comprada na Feira de Velharias de Aveiro, muito barata, com um restauro visível, mas que considero adequado à peça.
Na investigação que fiz na internet encontrei um exemplar igual e em semelhante  estado de conservação, num catáogo online da leiloeira Cabral Moncada, de 2005. Foi aí que reforcei a suspeita que tinha de que se tratava de uma peça do século XVIII, a lembrar faianças da Real Fábrica de Loiça ao Rato.
A peça era descrita como mísula, rocaille, faiança, decoração a azul "laivos", portuguesa, séc. XVIII, restaurada, faltas. Dim. - 21 x 20,5 x 17cm.



Há dias arranjámos um sítio para a colocar na parede - o que não foi fácil - e ela aqui está com uma imagem comprada a um santeiro brasileiro na Feira Hippie de Ipanema.

Entretanto, uma seguidora deste blogue, também nossa conhecida como seguidora misteriosa do blogue Velharias, colecionadora de boa faiança, teve a amabilidade de me enviar fotografias de uma peça sua com uma decoração marmoreada muito semelhante à da mísula.


Trata-se de um belíssimo galheteiro que esta colecionadora me disse ter adquirido há uns anos em Borba, mas do qual nada sabe em termos de fabrico.


Felizmente manteve-se intacto ao longo dos anos, séculos mesmo,  já que sendo constituído por várias peças, algumas bastante pequenas, não apresenta quaisquer faltas.


A elegância de uma das galhetas com a tampa moldada numa forma muito original.

11 comentários:

  1. Adorei a sua mísula de faiança, com uma pintura a sugerir o marmoreado. Vi uma pia de água benta no catálogo do Museu do Azulejo "Formas de devoção", datada do século XVIII com um trabalho de pintura semelhante. Também é verdade os ceramistas sempre tenderam a imitar o mármore em faiança ou em azulejo, pois era muito mais barato e de facto já vi terrinas do século XIX, com o mesmo tipo de trabalho.

    Mas gostei imenso da sua peça e de facto, pelo trabalho barroco, parece século XVIII.

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  2. Parabéns pela sua mísula marmoreada. É muito elegante e a decoração vegetalista, bastante enrolada, aponta para a decoração barroca.Nunca tinha visto tal tipo de peças em faiança. Os artistas sempre tiveram tendência para reproduzir, noutros materiais, o raiado do mármore, como é o caso dos estuques e, por vezes, também da pintura.
    Cumprimentos
    if.

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  3. Cara Maria Andrade
    A mísula que aqui mostra é muito bonita e, também eu, nunca tinha visto nenhuma parecida. Acho muito interessante o veio azul,e o forte contraste que forma com a restante cor da mísula.
    Gostei da ideia da imagem da Santa comprada numa feira Hippie, colocada numa mísula do século XVIII.
    Abraços e continuação de um bom domingo.
    Maria Paula

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  4. Olá Maria Andrade.
    Que sorte a sua ter encontrado uma peça deste valor. Rara, lindissima com o raiado azul que tanto me fez lembrar o altar da capelinha do adro de paredes meias com a casa dos meus pais, até ao dia que se lembraram de o remodelar e queimar na fogueira.
    Obrigada por me fazer recordar bons tempos.

    É possuidora de uma peça extraordinária.
    Parabéns.

    Beijos
    Isabel

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  5. Caros amigos, LuisY, IF, M. Paula e M. Isabel,
    Perdoem-me responder em conjunto e só agora aqui vir agradecer os vossos simpáticos e oportunos comentários, mas tenho andado tão absorvida pela vida familiar que não tenho conseguido tempo nem capacidade de concentração para as nossas conversas online.
    E que falta me fazem estes momentos de “convívio” com amigos distantes, mas já tão próximos e tão presentes no meu dia-a-dia!!!
    Também acho que esta mísula foi um achado, uma peça diferente da faiança portuguesa, com uma forma e decoração que a tornam muito datada na época barroca.
    Faz-me lembrar um Neptuno de faiança com base marmoreada que vi no primeiro volume do Artur de Sandão e também um aquário do MNAA, ambas as peças fabrico do Rato, mas como todos já sabemos, outras fábricas à época copiaram moldes e decorações dessa prestigiada Real Fábrica de Louça ao Rato.
    A santa, uma Santa Clara, embora comprada numa feira hippie :) tem um ar antigo que acho que fica lá bem.
    Abraços e muito obrigada a todos.

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  6. Chego em último, sei, mas o tempo está a faltar-me de forma aflitiva ... alguma coisa terá forçosamente de ficar para trás, mas não será seguramente pela falta de interesse pelo que aqui apresenta, como é o caso desta mísula, que, pela decoração, já me parece rocaille.
    O marmoreado é muito bem conseguido, melhor até que no galheteiro, que me parece um pouco forçado, não obstante a beleza da peça e a raridade de se apresentar incólume.
    Ainda bem que vai partilhando estas peças, pois educar o gosto é tarefa que nunca se faz em demasia!
    Manel

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  7. Caro Manel,
    É sempre um gosto receber um comentário seu, não só pela simpatia, mas pelo rigor nas suas afirmações e nos termos que emprega. A mísula era descrita precisamente como "rocaille", só que eu esqueci-me de transcrever essa palavra que constava da descrição. Agora já a acrescentei.
    Bom trabalho e que vá tendo algum tempo para aqui vir deixar os seus valiosos contributos.

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  8. Realmente associar a mísula ao galheteiro foi uma boa ideia. É aos poucos que se formam conjuntos de peças afins e se podem arriscar alguns palpites sobre fabricantes ou se não o conseguirmos, sobre modas decorativas.

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  9. Estou de acordo consigo, Luís, podermos comparar peças com afinidades estilísticas é o que há de melhor para se tentar tirar algumas conclusões.
    Já estive a preparar o post sobre as faianças de contas cedidas pelas nossas amáveis seguidoras para se poderem comparar,mas como esta semana quero participar no Tea Cup Tuesday, resolvi deixar para depois disso para terem mais impacto.
    Um abraço

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  10. A mísula em questão faz lembrar peça idêntica da Fábrica da Fonte Nova de Aveiro, da qual existe um par no espólio da Misericórdia de Águeda. Existem outras peças de igual decoração da mesma fábrica das quais envio fotografia, e ainda, de destacar o conjunto de Jarras da Igreja Nossa Senhora da Apresentação de Aveiro.
    Espero ter esclarecido a origem, visto ter sido uma aquisição na feira de antiguidades de Aveiro.

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  11. Caro Anónimo,
    Muito obrigada pelo seu comentário e pela informação que aqui deixa que é sempre útil e bem vinda.
    O facto de a peça ter sido adquirida em Aveiro, à partida não diz nada quanto à sua origem porque os vendedores circulam por várias feiras, fazem aquisições em todo o país e alguns compram peças em leilões quer no Porto quer em Lisboa.
    Por outro lado, a Fábrica da Fonte Nova por norma marcava as suas peças e esta como se vê não está marcada.
    Vou ver melhor as fotos que me enviou e depois responder-lhe-ei.
    Mais uma vez muito obrigada por tudo e apareça sempre.

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