quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Motivo decorativo da Vista Alegre...e não só

É sabido como a Fábrica de Porcelanas Vista Alegre utilizou ao longo de décadas os mesmos motivos decorativos, ao mesmo tempo que ia sempre introduzindo outros novos.
Neste caso, trata-se de um motivo de que não sei o nome (será "silvinhas"?), mas que é porventura o mais recorrente alguma vez usado por esta fábrica, já que aparece ao longo de pelo menos cem anos.
É-me familiar desde a infância, dos tempos em que passava muitos dias em casa da minha madrinha, onde existia um serviço, de chá se não me engano, com esta decoração.

Fui juntando este conjunto de peças por achar curioso encontrar formatos e tamanhos de chávenas muito diversos, com marcas de diferentes épocas, maior ou menor cuidado na decoração, mas sempre com o mesmo motivo.

Esta chávena e pires de café são os exemplares mais recentes, pois a marca que apresentam data de 1980, mas acredito que este motivo se tenha continuado a fazer já depois disso. As peças têm uma moldagem em espiras, que não se vêem muito bem (tirei as fotografias à noite e não foi nada boa ideia).

Os exemplares mais antigos deste conjunto ostentam três marcas diferentes  que correspondem, qualquer delas, ao período de 1881 a 1921.

Chávena almoçadeira e chávena de chá com respectivos pires. É interessante notar que embora o formato das chávenas seja o mesmo, a forma das pegas é diferente.
Marca da chávena almoçadeira (1881-1921)

Marca da chávena de chá, neste caso, do pires (1881-1921)


Chávena e pires de café e a respectiva marca (1881-1921)

Chávenas de chá e de café e respectivos pires,com marcas diferentes uma da outra, iguais às duas primeiras do período 1881-1921

 
Chávena e pires de chá, com linhas Arte Deco e marca do centenário (1924)


Chávena e pires de chá e respectiva marca (1922-1947)

Açucareiros com a marca da chávena anterior, feitos em moldes muito diferentes e em muito diferentes estados de conservação, mas com o mesmo tipo de pega nas tampas, muito característica do fabrico Vista Alegre


Finalmente...


Duas peça que sobreviveram em bom estado de um serviço de café que foi oferta de casamento dos meus pais em 1950
A marca da Fábrica Lusitânia visível em ambas as peças, mas mais legível na leiteira.

Os serviços Vista Alegre eram geralmente guardados para ocasiões especiais nas famílias e por isso sobreviviam quase intactos durante mais de uma geração. Estas loiças da Lusitânia eram de uso corrente e acabavam por resistir mal à passagem dos anos.

11 comentários:

  1. Olá Mara A.
    Admirável não só a rapidez que aderiu a ser blogista como também a elegância como faz todos os posts. Magnífica!
    Não há dúvida que é uma mulher muito sensível, de grande aprendizagem e demonstração fácil em comunicar,no gosto e querer em passar testemunhos quer sejam de índole particular, familiar, quer sejam extraídos de pesquisas.
    Continua em dobro admirável.
    Francamente amei o post, pela estória com remate feliz das duas peças do casamento dos pais cópias da VA da nossa tão conhecida na região onde passamos a infância, a Lusitânia.
    Senti a paixão de cada palavra, extravasou, caramba, a Maria A. é uma mulher surpreendente.
    Bem haja por ter quebrado a barreira dos "receios" que a net tantas vezes nos causa.
    Continue...
    O Luís vai deleitar-se com o motivo, adora florzinhas e logo cor de rosa, uma gracinha, doces, ténues, encantadoras cheias de glamour.
    Beijos
    Isabel

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  2. Sabe, Maria Isabel, já estava a ficar triste por a ver já há muitos dias arredada destas minhas páginas. As suas palavras são sempre tão reconfortantes...Estava com receio de ter escrito alguma coisa q a tivesse magoado, porq,como diz o Luís, este mundo virtual pode gerar muitos equívocos.
    Acho q o maior deles todos é termos a ilusão de q estamos a falar com amigos de longa data, já q comungamos dos mesmos gostos e interesses, e afinal somos completos desconhecidos e até podemos magoar sem querer com piadas ou comentários mal entendidos.
    Ainda bem q aí continua sempre igual a si mesma,calorosa, espontânea e atenta ao q se vai aqui publicando.
    Um grande abraço
    Maria A.

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  3. Bem haja Maria A.

    Não controlo as lágrimas que num relance brotam das órbitas dos meus olhos, muito pelas lindas palavras...
    Estou tão emocionada, demais!
    Sabe,nesta vida só tenho amigos de verdade, que dizem gostar do que escrevo e se preocupam com a minha ausência neste meio virtual, parece estranho, mas este grupo restrito tem-me ajudado muito na minha caminhada nem sempre agradável.
    Tenho alturas que me refugio, escondo, não me apetece escrever, também porque o meu grau cultural ao pé do vosso, fica postado no rodapé das conversas...sendo os livros um gosto peculiar e apaixonante seu, logo eu que nunca li, não fui habituada, estou a tomar agora consciência dessa grande falha cultural...
    Já disse ao Luís, digo a si, nunca em dia algum me esqueço de vós, são especiais, únicos, que me tem enchido de satisfação.
    Obrigada pelo seu carinho
    Beijos
    Isabel

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  4. A Maria Andrade observou e registou muito bem neste post o conservadorismo da Vista Alegre, que manteve por mais de 100 anos os mesmos motivos decorativos e os mesmos formatos.

    Também porque é haveriam de mudar? Se as pessoas gostavam e o motivo era bonito e intemporal. Hoje em dia é que há esta mania insana de se ter tudo novo, tudo diferente. O que se comprou ontem é um lixo, queremos adquirir imediatamente tudo de terceira e quarta geração. Enfim, está-me a dar para o moralismo, coisa que detesto em mim próprio

    Mas voltando ao conservadorismo da Vista Alegre, é essa característica da Fábrica, que permite identificar facilmente as peças, mesmo quando não apresentam marca. Há sempre um ar de família entre as várias peças da VA que as tornam quase inconfundíveis.

    Só tenho pena que a Maria Andrade não experimente fotografar as suas peças usando a luz da manhã. É a melhor hora do dia para fotografar pequenos tesouros como esse seu serviço, que evoca velhas casas de província, com belos soalhos de madeira a cheirar a cera.


    Abraços

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  5. Obrigada, Luís, pela sugestão quanto à luz das fotografias. Já sabia q a luz da manhã é a melhor para fortografar exteriores, mas não sabia q fazia tanta diferença dentro de casa. À noite, com luz eléctrica, não volto a fotografar estas peças, porq realmente não ficam nada bem. Só q às xs é quando tenho mais disponibilidade... e andava um bocado acelerada, muito entusiasmada a querer postar muita coisa em pouco tempo... não sei para quê porq ainda agora comecei e não espero morrer amanhã...
    Já desacelerei e vou ter mais cuidado com as fotos.
    Um abraço
    Maria A.

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  6. Eu percebi que deveria ser esse o motivo. É à noite que temos disponiblilidade para pensar nos nossos passatempos.

    De manhã, use a opção Museu da sua máquina fotográfica, que é representada por um templo grego. Assim, as fotos no interior disparam sem flash e revelam a verdadeira luz das peças. Olhe eu também aprendi estas coisas aos bocadinhos. No início tb fotografava à noite

    Abraços e espero que continue a mostrar as suas coisas

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  7. Ola Maria Andrade, lindas as suas peças e bem interessante o facto de ter ido coleccionando o mesmo motivo de varias épocas...quanto ao nome penso que se chama "Silvinhas", não tive tempo de confirmar esta informação mas penso faze-lo ainda esta semana. Irrita-me passar varias vezes com os olhos por algo que quando quero voltar a encontrar parece ter desaparecido para sempre. E é isso que me está a acontecer com este motivo, tenho quase a certeza, quero confirmar com as peças que tenho visto em leiloes e catalogos dos mesmos e não encontro nenhuma....mas eu chego lá! As imagens costumam ficar-me na cabeça bem arquivadinhas e penso que não ando longe desta vez... "Silvinhas".

    Um abraço...continuo a adorar o seu blog!!!

    Marília Marques

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  8. Cara Marília,
    Muito obrigada pela sua ajuda quanto ao nome deste motivo da Vista Alegre, "Silvinhas" faz sentido. Gosto sempre de saber o nome destas coisas e fartei-me de procurar, sem resultado. O único nome q encontrei foi "Boaventura" para uma taça de caldo com tampa q tinha este motivo, só q fiquei sem saber se se referia ao tipo de peça se ao motivo e não consegui confirmar mais nada.
    Já tinha notado a sua ausência aqui na blogosfera. Já fui vária xs ao seu blogue e lá continua a sua bela passiflora...
    Espero q esteja de regresso à actividade bloguista e nos continue a mostrar belas loiças antigas.
    Abraços

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  9. A Marília tem razão. Parece que popularmente este serviço é conhecido pelas "silvinhas". Vi no Miau uma peça destas com essa designação http://www.leiloes.iol.pt/leiloes/leilao.jsp?offer_id=8727515

    Embora julgue que esse nome lhe foi dado pelas pessoas, tal como aconteceu com aquele serviço dito dos "lacinhos" pois tenho ideia que Vista Alegre antigamente não nomeava os serviços

    Abraços

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  10. Obrigada, Luís, pelo seu cuidado em me esclarecer.
    Assim vamos contando uns com os outros para tirar dúvidas.
    Um abraço

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  11. Boa tarde, apesar de já ter passado 6 anos desta publicação, encontrei-a porque ando à procura de completar um serviço igual ao aqui fotografado. Sabe onde posso encontrar algumas peças para venda? estou interessado em completar o serviço que chegou á minha geração já incompleto. Muito obrigado. Joao Rego - sousa.rego@gmail.com

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